Esta bendita crise nos coloca diante de um dilema: "ou eu continuo minha caminhada ou vou ficar sozinha aqui". Este é o momento para eu fazer escolhas que já não posso adiar mais em minha vida. Não tenho tempo para ficar aguardando a hora certa. O momento é este.
Crise é sempre um confronto entre quem eu sou, o que sou e o que eu sei que sou na verdade. Esta é a minha identidade, esta gravada dentro de mim. Porém o que sou tenta me confundir o tempo todo!!! mulher feia, bonita, inteligente, burra, pobre, rica, pai e mãe ao mesmo tempo.Todos as vitórias, jamais compensarão a perda maior de todas que é a de eu não poder ser exatamente quem eu sou. Pois tenho que fingir para o mundo que sou uma pessoa que não existe em minha intimidade. É o preço que tenho que pagar por viver em sociedade.
É horrível a tarefa de transformar esperança em confiança. Sempre dá aquele medo de deixar o comodismo de um mundo conhecido e seguro ( ainda que totalmente insatisfatório e indesejado) e mergulhar no mar desconhecido e ameaçador, realizando mudanças profundas (algumas absolutamente irreversíveis!) no nosso estilo de vida, nos papéis sociais, no trabalho, nos já então falidos relacionamentos, na minha família, enfim, na minha própria vida, para alcançar o tipo de pessoa que eu quero ser e o tipo de vida que eu quero viver.
É exatamente assim, na crise, ou eu cresço ou eu apodreço! Não existe meio termo para isso. Mudança é sempre um ato de saltar no escuro.Uma coisa a vida me ensinou: toda mudança tem ganhos, ainda que não sejam os desejados.
A questão é que a gente vicia até mesmo em sofrer, em viver mal. Sofrer, aliás, é um dos vícios ao qual mais acostumamos em nossa vida terrena. O exercício diário da do sofrimento destroe nossos sonhos e esperanças.
Se eu realmente deixar minha real identidade se fazer presente, as outras pessoas vão pensar que eu pirei de vez.
Não existe nenhuma mudança sem dor.Para entrar na crise, muitas verdades precisam ser ditas, vistas e ouvidas. Para sair da crise, muitas coisas precisarão ser mexidas. E, nem sempre gostamos que nos apontem os dedos no nosso nariz.
Não posso acredita que eu preferi ficar "numa de entrar numa" que parecia que eu não ia sair nunca mais do buraco sem fundo em que minha vida se transformou. Foi uma dor sem tamanho, um sofrimento só, uma angústia danada, a cabeça pirando de vez com as inúmeras perguntas conflitantes.
Eu estava sendo um fracasso por deixar nas mãos dos outros a tarefa de definir quem eu sou.